Mindfulness – Da ciência à prática da atenção plena

 

“A contribuição mais importante do management ao século XX, foi o aumento de 50 vezes da produtividade do trabalhador manual industrial. A contribuição mais importante para o século XXI precisa ser o aumento do mesmo modo da produtividade do trabalhador do conhecimento”. Peter Drucker

 

O grande desafio para aumentar a produtividade do trabalhador do conhecimento é que precisa aprender a gerenciar a si mesmo para poder conseguir gerenciar outras pessoas. Ou seja, é preciso focar no interior das pessoas, pois elas se tornaram o maior ativo das empresas.

 

Praticamente todos os trabalhadores queixam da pressão e do volume de informações que têm que lidar. Por isso a necessidade de buscar alguma metodologia que aumente nossa capacidade de gerenciar a complexidade crescente, uma realidade também chamada de VUCA, uma sigla em inglês que significa volátil, incerto, complexo e ambíguo.

 

O que é mindfulness?

 

“É a consciência que surge quando prestamos a atenção, com propósito, no momento presente e sem julgamentos”

John Kabat-Zinn.

 

Traduzida para o português como “Atenção Plena”, é o significado do termo pali sati, que significa “recordar-se continuamente do seu objeto de atenção”. Desta forma, ela opõe-se aos outros tipos de meditação, pois busca não apenas esvaziar a mente, mas também ter consciência de todos os pensamentos e emoções, sem julgá-los.

 

Por ser encontrada em diversas tradições religiosas, muitas pessoas têm o pensamento equivocado de que a Mindfulness está relacionada à religião ou até mesmo à prática de hippies. No entanto, essa meditação não tem nenhum cunho religioso ou crenças espirituais. Está unicamente ligada ao corpo e à mente.

 

Se tornar consciente não é apenas estar consciente, é estar ciente da consciência. É se aproximar da experiência atual com uma consciência reflexiva, incluindo aí algumas qualidades tais como a curiosidade, abertura, aceitação e amor. Em seu livro, The Mindful Brain, Reflection and Attunement in the Cultivation of Well-Being, Daniel J. Siegel, diretor do Instituto Mindsight e autor de vários livros, diz:

 

“Mindfulness, em seu sentido mais amplo, é sobre acordar de uma vida em automático e ser sensível à novidade em cada uma de nossas experiências diárias. Ao se tornar consciente a respeito do mindfulness, os fluxos de informação que chegam na mente entram no radar da atenção plena e podem ser percebidos de uma maneira diferente. A ‘consciência consciente’, realmente envolve muito mais do que simplesmente estar consciente: envolve estar consciente de aspectos da própria mente. Em vez de estar no piloto automático e sem mente, o mindfulness nos ajuda a despertar e, refletindo sobre os aspectos da mente, somos capazes de fazer escolhas e, assim, a mudança torna-se possível”.

 

Por que mindfulness?

 

  • Melhora a memória e o desempenho acadêmico: um estudo avaliou dois grupos de alunos e aquele que tinha feito exercícios de Atenção Plena haviam aumentado o foco, tiveram mais memória de curto prazo e melhoraram o desempenho em exames em relação aqueles que não haviam meditado.

 

  • Ajuda com a perda de peso e estimula o consumo de alimentos mais saudáveis: comer consciente significa prestar atenção em cada mordida e mastigar mais devagar, prestando atenção em todos os sentidos. Em um estudo, as pessoas que praticam a Mindfulness consumiram menos calorias quando estava com mais fome do que o outro grupo sem meditação.

 

  • Leva a uma melhor tomada de decisão: as pessoas se tornam mais conscientes e a não persistir em causas perdidas, como relacionamentos ruins ou trabalho sem perspectiva.

 

  • Reduz o estresse e ajuda a lidar com problemas crônicos de saúde: uma pesquisa descobriu que a Mindfulness aumenta não só o bem-estar mental, como também o físico em pacientes com dor crônica, câncer, doenças cardíacas entre outras.

 

  • Melhora a imunidade e cria mudanças cerebrais positivas: pesquisadores mediram a atividade cerebral antes e depois de voluntários e perceberam a mudança para aspectos positivos.

 

Pesquisa do Institute for Mindful Leadership

 

Resultado da pesquisa com 80 líderes de 12 organizações:

 

  • 93% disseram que o treinamento teve um impacto positivo em suas habilidades de criar espaço para inovação;
  • 89% disseram que o programa aumentou suas habilidades de escutar a si mesmos e aos outros;
  • 70% disseram que o treinamento causou uma diferença positiva em suas capacidades de pensar estrategicamente.

Acesse o site para o resultado completo das pesquisas: http://www.instituteformindfulleadership.org/Research.html

 

Mindfulness nas empresas

 

  • Google: Chade-Meng Tan, engenheiro do Google, lançou o livro “Busque dentro de você” com o intuito de que seus colegas de trabalho fossem mais felizes através da técnica que ele aprendeu. Desta forma, adotaram na empresa o programa SIY ( SearcH Inside Yourself) , uma sigla em inglês que significa “busque dentro de você”, que vem gerando resultados marcantes.

 

  • Na General Mills: a diretora Janice Marturano criou o Institute for Mindful Leadership e é autora do livro “Finding the space to lead”.

 

  • No esporte: Phill Jackson, lendário coach de basquete, coloca seus atletas para praticarem a meditação e recentemente seu assistente publicou o livro “The Mindful Athlete: secrets to pure performance”.

 

Criando uma linguagem para o mundo corporativo

 

Eu entendo que a meditação tem 3 formas de ser apresentada:

 

  • linguagem médica: fala dos benefícios para a saúde;
  • linguagem contemplativa: fala da compaixão;
  • performance

 

Devido a minha formação em psiquiatria e experiência como professor na Fundação Dom Cabral e consultor, criei uma linguagem alinhada ao desenvolvimento de liderança, onde um líder com atenção plena, ou presença, tem de buscar ter foco, clareza e conexão.

 

Como controlar a fisiologia?

 

O que determina a performance é fundamentalmente a fisiologia, que são dados do nosso sistema, como batimento cardíaco, respiração, sensações físicas, entre outros. Se não aprender a controlá-la não conseguimos controlar as emoções, os sentimentos, os pensamentos e consequentemente os resultados.

 

Portanto, com podemos ver na figura abaixo, temos de atuar de baixo para cima.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

As formas como isso é possível são:

 

  • práticas de mindfulness;
  • práticas respiratórias – a ciência da respiração;
  • consciência apurada do estado emocional.

 

Como nós fazemos?

 

Apresentamos toda a base científica, demonstrando que a essência é a prática da atenção e assim a maior ativação do Córtex Pré Frontal (CPF), sede das funções cognitivas mais complexas.

Durante o workshop, os participantes são conectados a  equipamentos de Biofeedback, que medem a variabilidade da frequência cardíaca , que é um índice  associado à maior ativação do CPF. O usuário tem a oportunidade de vivenciar o impacto das práticas em seu estado fisiológico e emocional, pois ele mensura com exatidão o estado de estresse presente em um indivíduo e, com o resultado, traçar uma estratégia para se chegar ao estado de Atenção Plena. Desta forma o praticante descobre o seu poder nato, de  mudar o estado interno e assim melhorar sua performance em qualquer atividade.