Após o google, restarão somente as grandes perguntas
Atualmente, são feitas 31 bilhões de procuras por mês no Google, sendo que em 2006 este número era de 2,7 milhões. De onde vinham as respostas a estas perguntas antes do Google é uma grande dúvida. Ou até: será que precisamos de todas estas perguntas para vivermos bem, ou somente de algumas fundamentais, das quais muitas vezes fugimos? Devo confessar, de passagem, que, atualmente, não sei como eu viveria sem o Google (risos).
O filósofo norte-americano Sam Keen nos fala o seguinte: “O que molda nossas vidas são as perguntas que fazemos, as que nos recusamos a fazer e as que nunca pensamos em fazer”. A partir dessa fala, entendemos porque grandes perguntas certamente nos conduzem a grandes despertares.
O Google vai responder às perguntas fáceis, mas as grandes perguntas da vida, como, por exemplo, qual será o
meu legado?, qual carreira devo seguir?, em que vale a pena investir meu tempo?, estas terão de continuar sendo respondidas pela introspecção e reflexão. Um campo ainda pouco explorado pela maioria dos seres humanos, mas, de repente, com todas as perguntas mais fáceis sendo respondidas virtualmente, quem sabe as pessoas iniciarão precocemente as buscas pelas respostas às maiores?! Nos workshops de reflexão de valores pessoais que conduzo e pelos quais já passaram mais de 1000 executivos, é comum, após 40 minutos de reflexão, comentarem: “como isto cansa!” Sim, da mesma forma que, se você não tiver preparo físico e se propor a andar ou correr 10km, vai se sentir muito cansado. O fato de não fazermos reflexões com frequência deixa-nos sem preparo para reflexões existenciais — esses “músculos” não estão sendo exercitados.
Esse é um processo contínuo, visto que as perguntas que nos orientam vão mudando conforme vamos amadurecendo: passamos de um foco mais emocional para um mais racional e, por último, para um mais espiritual. Daí que estas perguntas profundas vão surgir especialmente por volta dos 35 a 45 anos — isso faz parte da vida, como ter mau humor na adolescência. Quando elas surgirem, devemos acolhê-las, não tem como fugir delas, elas estarão sussurrando em nossos ouvidos, até serem reconhecidas, e, então, passamos a aprender a conviver com elas e a tê-las como bússolas na nossa jornada pessoal.
Busca esta em que, como em toda jornada, você precisará muitas vezes de alguém para lhe ajudar, pois, da mesma forma que seu olho é capaz de ver todas as partes do corpo, mas não consegue ver a si mesmo, para isso, precisa de um espelho.Existem partes de nós que precisamos da ajuda de um espelho para serem descobertas — este espelho seria um coach, ou um terapeuta.
Escolha bem este espelho, pois, pela primeira vez na história da humanidade, temos todas as práticas transformativas à nossa disposição, desde técnicas orientais até todas as linhas de psicoterapia ocidental, e o terapeuta precisa ter uma noção do que a sua linha atende, qual o limite dela, se é a mais indicada para determinado caso e, se não for, encaminhar o cliente para outra, como se fosse um clínico geral.
Portanto, se não descobrir este terapeuta na primeira tentativa, continue sua busca, evite jogar fora a água da banheira com a criança dentro. Ouço pessoas dizendo: “tentei fazer terapia e não deu certo”, enquanto o correto seria dizer, não “deu certo” com aquele terapeuta, com a linha que ele segue, etc. Ou seja, você não pode julgar os outros com base neste.
Continue a sua busca e, se me permite, darei 3 conselhos: 1) tome cuidado com aqueles que querem se colocar como gurus, ou seja, submeter outras pessoas às suas ideias, ao invés de auxiliá-las na busca de suas próprias; como diz um amigo, “guru é má companhia”; 2) suspeitem daqueles que tem uma postura de perfeição, pois todos somos humanos, 3) fique atento a você mesmo, se não encontra o terapeuta que quer, pode ser que esteja buscando alguém com uma perfeição que não existe, e você acabará vítima de
algum guru do conselho número 2.
Cada terapeuta lhe ajudará e será útil em uma fase do seu desenvolvimento, mas nunca serão perfeitos. A sua responsabilidade é manter acesa a chama da vontade de evoluir.
Caro Dr. Frederico, assisti o seu vídeo Liderar Mudanças e outros. Após adentrei no site e descobri maravilhas. Parabéns por tão grandioso trabalho, Nunca imaginei que uma pessoa tão jovem pudesse possuir tão grande cabedal. O artigo “após o Google” trouxe-me várias respostas igualmente a outros dos seus artigos que já tive a oportunidade de lê-los.
Aproveito essa oportunidade para declarar àqueles que ainda não tiveram a possibilidade de conhecê-lo pessoalmente que o façam assim que puderem. Eu tive essa oportunidade e me surpreendi ao encontrar uma pessoa tão culta, educada e humilde, embora tenha tudo para ser um arrogante e na verdade não o é. Mais uma vez meus parabéns por tão expressivo trabalho que com certeza tem ajudado muita gente.
Grande abraço e por tudo fico obrigado.