Geração Y e a frustração
A geração Y cresceu tendo o que muitos dos seus pais não tiveram, e são jovens brilhantes, porém tem carregado consigo um sentimento complicado de lidar: a frustração.
Criados em tempos de grandes avanços da tecnologia, crescimento de diversos países, ruptura da família tradicional e numa época de economia estável e sociedade mais democrática, a geração Y é constituída por pessoas que nasceram entre os anos 80 a 90, e alguns autores também consideram aqueles nascidos nos meados da década de 70. Esses jovens ficaram conhecidos por serem pessoas com adjetivos nada simpáticos, como folgadas, distraídas, insubordinadas, superficiais e frustradas.
Mesmo com tantas informações valiosas e cheia de novidades, essa geração tem encontrado diversos obstáculos para entrar em contato com o mundo adulto. O diretor Ademar Bueno, do Laboratório de Inovação, Empreendedorismo e Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGV) afirma sobre os “novos” jovens: “Eles acham que o roteiro é passar no vestibular, conseguir um estágio e ter êxito profissional, mas quando chegam no mercado de trabalho, não tem experiência de vida e não estão acostumados a ouvir ‘não’”.
A frustração da qual falamos é a consequência das expectativas que foram criadas por esses jovens, uma grande parte deles de classe média que, a partir da melhoria econômica dos últimos anos tiveram acesso não só à universidade, mas ao consumo, às viagens, idiomas e cursos no exterior. Eles enxergaram e aceitaram todas essas novas oportunidades, o que resultou em expectativas sobre a relação formação X remuneração, já que aguardam que o mercado lhes absorva com bons salários, dado que o investimento nos estudos foi tão alto.
Apesar do desejo de buscar tanta preparação, a geração Y ainda se frustra ao chegar no mercado de trabalho, pois “a boa remuneração de técnicos ou pessoas sem formação superior é um dos fatores que desestimula os jovens a continuarem seus estudos”, confirma Rodrigo Castañeda, da área de Inovação e Medição do Progresso Educacional e de Habilidades da Organização (OCDE).
De toda frustração e infelicidade que os jovens da geração Y carregam em suas costas, eles possuem desejos e correm atrás do que querem de fato, sem a intervenção de seus pais ou responsáveis. Sem as bandeiras e o estardalhaço das gerações dos anos 60 e 70, mas com a mesma força poderosa de mudança, eles sabem que as normas do passado não funcionam – e as novas estão inventando sozinhos. “Tudo é possível para esses jovens. Eles querem dar sentido à vida, e rápido, enquanto fazem outras dez coisas ao mesmo tempo.”, afirma Anderson Sant’Anna, professor de comportamento humano da Fundação Dom Cabral.
Complemente sua leitura assistindo o vídeo Aprendizagem | Saia da zona de conforto.