Obstáculos para a mudança
Apenas os seres humanos conseguem mudar a partir do processo de reflexão. No entanto, muita gente fica estagnada em um mesmo ponto apesar de significar sofrimento e dor. Tal comportamento nos leva a perguntar:
– Quais os entraves da mudança?
– O que motiva as pessoas a saírem da zona de conforto?
A reflexão em torno desses dois questionamentos é válida. Os animais, por exemplo, são motivados pela DOR E RECOMPENSA. Uma ameba que leva choques toda vez que não consegue cumprir parte de um experimento, quer ficar livre do castigo sempre. Uma foca é estimulada a dar um salto para ganhar um peixe. Porém, os mais sofisticados, baleias e golfinhos, se esforçam mais ainda quando os treinadores não dão o prêmio.
Existem casos de esses animais realizarem diversos saltos e não serem recompensados, mesmo assim, por terem esperança, continuam a saltar. Eles elaboram truques novos até ganharem o peixe. Aliás, quanto mais complexo um animal, menos a dor funciona como motivadora.
Com o ser humano pode acontecer o mesmo. Pode mudar por sentir dor, quando fica doente e muda os hábitos; por acreditar que será recompensado – em troca de um bom dinheiro, de mais conhecimento no caso de uma nova graduação e outros. E ainda por um motivo exclusivo da espécie humana, a reflexão o levou a concluir que a mudança é o melhor caminho. Depois de analisar uma determinada situação por vários ângulos, ele notou que não vale a pena continuar onde está e que pode ser mais vantajoso encarar o desconhecido.
No entanto, durante o processo de reflexão as vantagens e desvantagens são analisadas e é aí que o desejo de continuar na zona de conforto pode surgir. Quando a pessoa busca a mudança ela vê que terá perdas além do óbvio. Alguém que opta por não voltar a estudar terá ganhos secundários, vai ter disponibilidade para passear, mais tempo para relaxar. Aqueles que pensam em deixar a empresa para trabalhar em um home office lembram que não terão a convivência com os colegas e que poderá ficar entediado em casa.
Sugerir que o outro mude, um filho ou um funcionário, é ainda mais complicado, já que quem propõe a mudança não expõe os pontos positivos de a pessoa não mudar. Esses ganhos secundários são um dos aspectos que mais dificultam a mudança e provocam resistência.
Por isso, ao pensar em mudar ou aconselhar alguém a fazer isso é preciso ter uma visão ampla do que sair da zona de conforto significa, em especial dos ganhos que se tem de não mudar.