Amputados de alma
Imagine um funcionário que trabalhasse em uma linha de montagem de uma fábrica e que sofresse uma amputação de braço. A sua produtividade certamente diminuiria; aliás ele seria provavelmente aposentado por invalidez.
Agora, vamos transpor isto para um trabalhador do conhecimento: qual seria o similar a uma amputação de braço? O nossos trabalhadores também encontram-se amputados, mas não no nível físico, e sim no nível da alma — são amputados de alma, e, certamente em decorrência disto, a sua produtividade está muito aquém do que poderia ser.
Diferente do trabalhador da indústria, que pode colocar uma prótese para compensar, esta amputação não tem prótese e também não leva à aposentadoria. Leva, sim, a um estado de profunda angústia existencial, a uma vida sem sentido.
A causa deste problema tem origem numa visão reducionista e mecanicista do ser humano. Nós, seres humanos, somos constituídos pelo nível físico, emocional, mental e espiritual. No nível físico, temos o nosso corpo; no nível emocional, as nossas emoções; no nível mental o pensamento, e no nível espiritual, o sentido maior de nossos atos. Temos necessidades a serem satisfeitas em todos os níveis.
A nossa sociedade atual tem um foco excessivo no nível mental e um total desprezo pelos demais, em especial pelo espiritual que eu, aqui, chamarei de “alma”.
A necessidade deste nível é de buscar um sentido maior para nossos atos, saber quais são os nossos valores e viver de acordo com eles e, especialmente, perguntarmo-nos qual será o nosso legado nesta vida.
Muitos vão pensar que isto é um luxo, mas posso lhes garantir que é uma necessidade como comer e dormir. Nesta era moderna tornou-se um tema prioritário, por dois motivos: primeiramente, porque uma parcela significativa da força de trabalho atingiu um nível de vida no qual tem o necessário para viver e passa a questionar a busca infinita de satisfazer desejos físicos, emocionais e mentais; em segundo lugar, o esforço para realizar uma tarefa com excelência passou a exigir um nível de dedicação que somente pode ser possível se for legitimado por algo mais elevado.
Cada um de nós tem de se perguntar o que lhe toca a alma, como o seu trabalho pode estar congruente ou não com este propósito maior e, em caso negativo, o que se pode fazer para mudar a rota de sua carreira. Esta rota é igual a de um avião: se mudarmos um grau na rota, modifica-se completamente o destino a longo prazo.
Portanto, termino este artigo com as seguinte reflexão para você:
Você está vivendo a sua vida de acordo com o que lhe é mais importante?
Para ajudar a refletir sobre o que é mais importante, pergunte-se:
Quando envelhecer e olhar para trás, do que se arrependerá de não ter feito?
Se você está lendo este artigo é porque ainda tem tempo, por isto, vá à luta, pois, conforme a canção, “ Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.