Ancoragem: Permaneça calmo em momentos estressantes
Você já ouviu falar em ancoragem? O mindfulness, que você provavelmente já conhece, é uma prática tanto física quanto mental. O nome pode indicar que se trata de algo relacionado apenas com a mente. Porém, muitas pesquisas mostram que prestar atenção no corpo é uma maneira fácil não somente de alcançar a atenção plena, mas também de reduzir o estresse.
Pode parecer uma contradição já que quando a mente está sobrecarregada, o físico é, geralmente, a última coisa a ser lembrada. No entanto, ao concentrar a atenção no corpo, ele pode ser a âncora para o que está acontecendo no momento, mesmo que as sensações sejam desagradáveis. A esta técnica de consciência corporal foi dado o nome de ancoragem.
O que é a Ancoragem
A ancoragem funciona assim: voltar a atenção para o corpo para perceber — ao invés de evitar — a tensão, a circulação, a dor, o prazer ou apenas a experiência física neutra. Esta prática ajuda a voltar à realidade. Na verdade, o corpo é o caminho mais rápido e mais seguro de volta ao momento presente, quando a mente está perdida tentando refazer o passado ou ensaiar o futuro.
Muitas pessoas sofrem desnecessariamente quando a mente não se concentra. A amígdala, localizada no lobo temporal medial do cérebro, é uma região relacionada com a detecção e o processamento do medo. Quando essa área é ativada por uma situação interpretada como possível ameaça, mesmo ao apenas ler um e-mail desagradável, ela dispara mudanças fisiológicas, como aumento da tensão muscular e respiração acelerada.
A associação se torna tão forte que a tendência é tomar a reação do corpo como prova de perigo, algo similar à reação dos cães de Pavlov que interpretavam o som da campainha como sinal do jantar. A tensão muscular aumentada e a respiração rápida estimulada pela amígdala ativada tende a intensificar ainda mais a sua ação. Felizmente, podemos usar a ancoragem nessas situações.
Pratique a ancoragem agora mesmo
- Respire profundamente. Puxar o ar de maneira intencional uma única vez pode mudar a perspectiva da situação. Pode ajudar a pausar a “tagarelice” mental e dar uma chance para o corpo se ajustar após perceber uma ameaça. Você pode seguir o ar pelo corpo e, assim, ganhar distância suficiente para julgar se seus pensamentos estão com você (de acordo com suas intenções atuais e maior propósito) ou contra você e, a partir daí, escolher o melhor caminho de forma consciente;
- Preste atenção às emoções. Outra razão para se ancorar no corpo: é nele que as sensações são experimentadas. É importante reconhecê-las, mesmo que pareçam um obstáculo, principalmente no trabalho. É paradoxal, mas se envolver com emoções contrárias, sem julgamentos, se correlaciona negativamente com sensações desfavoráveis e transtorno de humor. Em outras palavras, ao perceber e reconhecer emoções desagradáveis, elas têm menos poder para causar sofrimento. Em um estudo, os participantes escreveram diariamente, durante quatro dias, sobre uma experiência traumática ou um evento neutro. Aqueles que fizeram registros de alguma situação perturbadora visitaram menos o centro de saúde nos seis meses seguintes. Ao prestar atenção no corpo, é possível acessar muitas informações emocionais, antes de sobrecarregar todo o sistema. Depois, é tarde demais.
- Ample pequenos prazeres. Não subestime a alegria de tomar o primeiro gole do café da tarde. Notar mais a dor do que o prazer faz parte da natureza humana. Mas com prática e alguns lembretes, é possível experimentar alegria ao longo do dia nos prazeres simples de ter um corpo. Quer seja sentar-se depois de ficar em pé por muito tempo ou fazer um alongamento quando está sentado; segurar uma nova caneta particularmente confortável e ergonômica; rir muito quando algo é engraçado; comer quando está com fome; o relativo silêncio do escritório depois de uma manhã com crianças gritando; tirar sapatos desconfortáveis debaixo da mesa. Todos os dias são oferecidas inúmeras oportunidades como estas que ajudam a melhorar a percepção da realidade.