Egoístas são os outros
Os pesquisadores Nick Epley e David Dunning da Universidade de Cornell, perguntaram a estudantes como eles e seus parceiros de jogo se comportariam em uma disputa valendo dinheiro, ou seja, de maneira egoísta ou cooperativa. Oitenta e quatro por cento (84%) disseram que cooperariam, mas esperavam que somente 64% dos demais participantes fossem cooperativos. Mas quando o jogo foi iniciado, somente 61% cooperaram.
Os pesquisadores então fizeram outro estudo, pagaram 5 dólares para quem quisesse participar e aí pediram para que eles fizessem uma previsão de quanto eles e outros iriam doar, hipoteticamente, para uma obra de caridade assim que o estudo terminasse. Eles disseram que doariam em média $2,44 e as outras pessoas $1,83. Mas quando o estudo simulou uma verdadeira doação, doaram $1,53.
Ainda não satisfeitos Epley e Dunning fizeram um novo estudo, explicaram ao novo grupo de participantes o que ocorreu no estudo anterior e pediram a este grupo para também prever como eles se comportariam em uma situação real. Da mesma forma que no anterior eles foram bem mais generosos consigo mesmos, mas aí, entrou uma nova informação, eles foram informados do valor médio doado ($1,53) pelo grupo no estudo anterior.
Após terem recebido esta nova informação, aos participantes foi dado uma chance de rever suas estimativas e foi o que fizeram. Reduziram o valor estimado que os outros iriam doar, mas não mexeram no valor que haviam previsto para si mesmos, ou seja, os outros seriam ainda mais egoístas.
Nós julgamos as outras pessoas pelo comportamento, mas julgamos a nós mesmos pela nossa intenção, por considerar que temos algumas informações especiais sobre nós mesmos, ou seja, nos conhecemos muito bem, sabemos como somos. Mas como podemos ver nos estudos citados, esta não é a verdade, existem partes nossas que não temos consciência, em especial quando saímos da suposição para o contexto do mundo real.