Energia-in-motion: como suas emoções podem orientar suas decisões
As emoções podem desempenhar um papel fundamental quando confrontadas com decisões importantes.
Embora muito tenha sido escrito e dito sobre a necessidade de líderes usarem a intuição e lidarem criativamente com situações cada vez mais complexas, apenas recentemente começaram de fato a aparecer métodos de como construir as capacidades pessoais e de liderança para ajudar com isso.
A maioria dos profissionais e líderes de negócios em nossa cultura ocidental é sistematicamente condicionada a controlar e até mesmo negar ou evitar as emoções na forma como nos conduzimos em geral, e na forma como abordamos as decisões importantes, em particular. Quantas vezes já ouvimos ou até mesmo dissemos a alguém: “Não deixe que suas emoções fiquem no caminho” ou “você é muito emocional” ou “se você quiser ir longe nesta empresa você tem que aprender a deixar as coisas passarem por você”.
Essa maneira de olhar para as emoções muitas vezes nos amedronta como profissionais com a resposta previsível que aparece em nossa “maneira de ser e conduzir”, que é a de esconder como nos sentimos de verdade ao ponto em que, por vezes, nem sequer sabemos mais como nos sentimos. Mas não há problema em dizer isso a nós mesmos, porque as melhores decisões são baseadas na lógica e na análise metódica do raciocínio. E é aí que eu digo: “É verdade, mas parcialmente”.
Nesse artigo, vamos abordar um exemplo de uma situação em que uma líder utiliza a Energia-In-Motion (energia em movimento) para aumentar a eficácia da liderança.
Perfil da líder
- Profissional sênior com experiência em negócios;
- Especialista no assunto em seu campo de atuação;
- Recebeu várias promoções por sua experiência técnica;
- Participa de vários comitês e comissões;
- Recebeu feedback de colegas de trabalho sobre sua postura rígida e estruturada na tomada de decisões, muitas vezes preferindo decidir questões difíceis por conta própria sem consultar os colegas de equipe;
- Isto não significa que ela não realiza reuniões regulares da equipe; pelo contrário, ela pede regularmente que os assuntos sejam discutidos e solicita opinião, mas parece ter capacidade limitada para recebê-las abertamente e certamente não as utiliza quando se olha para as decisões reais feitas por ela mesma.
Ao trabalhar com essa profissional, o tema apresentado como a necessidade de ser abordado primeiro foi: “Como tomar decisões mais eficazes”.
Explorando esta “necessidade”, além disso, ficou claro que o verdadeiro desafio era sua dificuldade com as (fortes) emoções (dela própria, bem como as emoções dos outros). Assim que as conversas despertaram emoção, como quando eles incluíram potencial para controvérsia ou conflito, essa líder imediatamente entrou em modo secreto de shut-down (desligamento). Ela tinha se tornado tão astuta na gestão deste desafio que ela não deu indícios desta “constrição” emocional. Externamente, ela parecia muito composta e profissional. Com o tempo, isso afetou negativamente a capacidade de sua equipe para contribuir para as decisões-chave. Como consequência, algumas das suas principais decisões eram abaixo do ideal e sua equipe foi se tornando ineficaz e disfuncional.
O que nós descobrimos
A líder percebeu, com essa experiência, que ela havia uma crença falsa de que “as emoções são minhas inimigas”. Isso resultava em pensamentos como “eu nunca perco a cabeça” e “eu sempre vou manter minha compostura mesmo em águas turbulentas”.
Então, quando a água metafórica estava turbulenta e escura, ela rapidamente corria para a parte mais alta para se salvar do constrangimento de cair e ser arrastada. Ela se preocupava com os outros ao longo da margem do rio, mas sabia que tinha que se salvar antes que ela pudesse tentar salvá-los. Isso significa que ela agiu sozinha quando, em momentos cruciais, outros precisavam ser vistos e ouvidos (“salvos”).
Uma amostra do trabalho de desenvolvimento
Uma decisão-chave para essa líder foi ver como ela tratou emoções como um inimigo a ser evitado ou mantido à distância e, ao mesmo tempo, aprendendo a utilizar as emoções simplesmente como “energia em movimento”. Isto é, a energia surge e entra em nosso corpo a todo momento. Podemos nos sentir animados, com medo, raiva, confusos, alegres, tristes, “altos”, “baixos”, desgastados etc.
Se você rotular como se estivesse se sentindo “desgastado”, por exemplo, o que aconteceria se você enxergasse isso simplesmente como energia em movimento? O que é melhor: ou você pensa “o meu nível de energia agora é baixo e eu preciso descansar e me recuperar” ou você simplesmente empurra e empurra esse sentimento e torna a senti-lo novamente amanhã? Essa declaração destaca pelo menos duas capacidades críticas: 1) sensibilização e 2) resposta adequada (capacitação). Você precisa entrar em sintonia com o fato de ter baixo consumo de energia no momento e então deve ser capaz de fazer as escolhas corretas que te permitem reconstituir, trazendo a energia de volta para cima.
- Sensibilização
Primeiramente, a líder teve que observar sua crença escondida em uma ação ao longo de um tempo, de acordo com instruções específicas de como proceder para fazer isso. Ao longo do caminho, ela respondeu perguntas pertinentes projetadas para tirar a sua maneira de dar sentido às coisas e descobrir até que ponto o seu sistema de crença subjacente foi traduzindo-se sobre a realização de si mesma em relação ao seu tema de preocupação. Com esse exercício de observação e subsequente sensibilização, ela viu a medida em que seu jeito de ser foi responsável por seu desafio atual.
- Capacitação
Um dos princípios do nosso trabalho de desenvolvimento de liderança é que “o insight é necessário, mas não suficiente para uma mudança sustentável”. Portanto, ao mesmo tempo em que ajudamos a construir a consciência, vamos nos concentrar em cultivar as capacidades necessárias para a mudança a ser sustentada.
Por exemplo, em um dos exercícios essa profissional se comprometeu a ser capaz de sintonizar e nomear as emoções no momento em que ela estava começando a se sentir na defensiva. No começo, ela lutou para simplesmente nomear a emoção (medo, animação, irritação etc.). Com o passar do tempo, ela foi capaz de se expressar de uma forma fiel às suas necessidades, prioridades e preocupações, enquanto ao mesmo tempo se envolvia com sua equipe executiva de uma forma que lhes permitiu sentir e ser contribuintes valiosos.
Resultados
- Tomada de decisão mais eficaz;
- Maior engajamento da equipe;
- Aumento de energia;
- Maior equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
Emoção é mesmo colocar para fora os sentimentos. O texto é perfeito também para refletirmos sobre tipos de “personalidade” que escondem / camuflam mais ou menos suas emoções.Para um líder o que melhora mais sua eficácia: manter-se mais “reservado” ou expor-se mais, escancarando suas emoções? Parabéns pelo ótimo texto!