Inovar para sobreviver
Na natureza, os animais e as plantas, para sobreviver, têm que se adaptar às mudanças que vão ocorrendo. No mundo organizacional é a mesma coisa: cada dia mais as empresas e profissionais têm de se adaptar, e com maior velocidade, às demandas do mundo externo.
Por isso, já não basta mais desempenhar as tarefas de maneira eficiente, com processos precisos: temos de ser capazes de inovar. Como seres humanos somos bons em adaptar, mas inovar é contra a nossa natureza. Adaptar é reativo, o mundo muda e nós mudamos depois. Inovar, como estou apresentando aqui, é ser proativo, mudar antes que o mundo externo nos obrigue.
Isso é muito difícil, tanto para pessoas, empresas e até mesmo para países, pois como ainda não começaram a acontecer perdas significativas, vamos adiando as mudanças necessárias. É aquele seu amigo que está acima do peso, com colesterol alto e não toma nenhuma providência, mas, o dia em que tem um infarto, muda todos os hábitos, passa a se alimentar bem e a praticar atividade física.
Para inovar, precisamos reconhecer o medo do novo, enfrentá-lo, resgatar o uso da intuição e criar um ambiente onde as pessoas estejam inteiras.
Precisamos resgatar a capacidade de pensar fora da caixa. Se até o momento fizemos uso das propriedades mais ligadas à lógica e à razão, chegou o momento de olharmos para o outro lado, o lado da intuição, onde as ideias surgem de maneira inesperada.
Segundo o pesquisador australiano Alan Snyder, que estuda autistas prodígios, como o personagem de Dustin Hoffman em Rain Man, filme no qual, em uma cena, cai uma caixa de palitos de dente no chão e o personagem autista “conta” o número de palitos espalhados em dois segundos. Ele não contou, ele teve uma Gestalt, viu o total.
Existem autistas capazes de ler 5 mil palavras por minuto e não esquecer; outros tocam instrumentos como profissionais e nunca foram ensinados. Se eles têm estas habilidades natas, Snyder pensou o seguinte: nós todos as tivemos também um dia e elas atrofiaram, estão adormecidas em nosso cérebro. Ele tem demonstrado que se você cansar o lado esquerdo do cérebro com um campo magnético, o direito se manifesta com maior intensidade – o lado direito é que está ligado às habilidades intuitivas. Após o uso do campo magnético, as pessoas melhoram o acerto em “adivinhar” o número de pontos vermelhos em uma tela de computador e melhoram a sua habilidade de desenhar, por exemplo. Por isso que, uma ideia raramente surge na mesa do escritório e sim quando está caminhando ou tomando banho. Quando você pensou muito em um problema, você cansou o seu lado racional (hemisfério esquerdo), para descansar ele deu uma desligada e quando estava em outras atividades o direito (mais intuitivo) se manifestou e veio a solução tão procurada.
De acordo com o especialista em estratégia Gary Hamel, em 2005 a empresa de consultoria Towers Perrin fez um estudo com 86 mil funcionários que trabalhavam para empresas de médio e grande porte, em 16 países. Esse estudo mostrou que apenas 14% dos funcionários em todo o mundo são muito empenhados no trabalho, 24 % não são empenhados e o restante ficava no meio. Isto significa que 85% dos funcionários estão dando menos de si. É um desperdício imenso de talento humano. Desta forma, podemos entender porque tantas organizações são menos capazes do que as pessoas que nelas trabalham.
À medida que o mundo corporativo passa a precisar mais do ser humano do que simplesmente de suas mãos, para que possa ser capaz de inovar continuamente, passa a ser fundamental termos este indivíduo inteiro no trabalho. Você como gestor deve estimular a sua equipe a perceber o que não é dito, a imaginar o futuro, deve ouvir suas opiniões, para que se sintam parte dos processos. Incentive-os a refletirem o quanto seus valores pessoais estão alinhados com os da empresa, para que assim possam estar mais engajados e inteiros no trabalho.