Tudo tem seu tempo
“Não tenhamos pressa, mas não percamos o tempo” – José Saramago
Toda mudança cria hábitos novos e todo hábito novo requer um tempo de maturação. A criança precisa de nove meses para nascer. A planta tem que passar pelo estágio da semente antes de dar flores e frutos. As pessoas precisam de tempo para aprender, além de treinamento, prática e paciência.
Você sabia que:
- O cérebro funciona melhor das 10 horas da manhã até o meio-dia, mais especificamente de 2,5 a 4 horas após acordar?
- A prática esportiva rende mais das 16 às 18 horas, havendo uma melhora de até 11% do desempenho neste horário?
- Por volta das 8 horas da manhã, o interesse por sexo está em alta, graças à maior produção de testosterona, responsável pelo desejo?
Diz um dos textos bíblicos, o Eclesiastes, escrito provavelmente no século III a.C., que “tudo tem o seu tempo debaixo do céu”. O corpo humano possui um relógio interno que estabelece ritmos. A área de ciência que estuda estes ritmos chama-se cronobiologia e tem mostrado que a produção de certos hormônios em horários específicos contribui para que tenhamos ciclos ao longo das 24 horas. Assim é mais fácil realizar determinadas atividades em certas horas do dia. Quer dizer, o organismo humano tem seu tempo.
A mudança consiste em um processo em que se vai do estado atual para o desejado, e este movimento gera tensão. A transição é a parte mais difícil, o canal do parto. Curiosamente, ela costuma ser negligenciada como se o fato de se livrar do que você não quer (estado atual) trouxesse natural e espontaneamente o que você quer (estado desejado).
Mas nada é tão simples assim. Por exemplo, a empresa muda de software. Será que tudo funciona perfeitamente na manhã seguinte? Que nada! Demoram dias, semanas ou às vezes meses, até que todos os ajustes sejam produzidos, e os colaboradores percam os hábitos antigos e absorvam os novos. É a passagem pelo canal do parto. Se esse tempo não for respeitado, crescem as chances de fracassar.
O consultor inglês David Miller faz uma recomendação que pode facilitar essa travessia. No livro Gestão de mudança com sucesso, ele orienta a manter os componentes da mudança de comportamento os mais maleáveis possíveis, isto é, quebrar as mudanças em unidades menores, prevendo diversos passos a serem digeridos e implementados, um de cada vez, para assim conseguir observar seus efeitos na prática e fazer ajustes antes de estendê-los ao impacto máximo.